JÚLIO CÉSAR

Brutus - Roma a ti eu juro
Que se é por justiça tu hás de ter
Das mãos de Brutus tudo o que hoje pedes.

Sinopse: Em Júlio César, Shakespeare retrata com grande genialidade a queda do famoso imperador, seu assassinato e a imagem de uma Roma dividida pelas lutas entre os altos poderes. Sem desconfiar da conspiração que se armava, César se deixa levar por conselhos falsos. Marcos Brutus, um dos conspiradores, é o personagem principal da trama, cuja honra e o amor que dedicava ao imperador entram em conflito com o movimento que liderava. No entanto, mesmo após a morte de César, Marco Antônio mantém-se como seu fiel seguidor e não poupará esforços para vingá-lo. Marca decisiva na mudança de orientação artística do bardo, que até então se ocupara de temas cômicos ou em representar os quadros históricos do passado de seu país, Júlio César é a primeira tragédia do autor que tem como pano de fundo a história de Roma.

"Brutus - Ele tem de morrer; e quanto a mim

Não tenho causa pra repudiá-lo,

Senão a pública. Se coroado,

Como isso mudaria? É esse o ponto.

É a luz do sol que faz sair a cobra,

Exigindo cuidado no pisar.

Se o coroamos damo-lhes um ferrão,

Perigo pra ele usar a qualquer hora.

O abuso da grandeza é separar

O poder do remorso; e, na verdade,

Em César jamais vi a emoção

Pesar mais que a razão. Mas é sabido

Que a humildade é a escada da ambição,

Pra qual sempre se volta o carreirista;

Mas uma vez alcançando o ponto máximo,

Ele dá suas costas à escada,

Olha pras nuvens, despreza os degraus

Por que subiu. Talvez César o faça;

É impedi-lo pra evitar. E se à causa

Falta hoje base pelo que é agora,

Digamos antes que o que é, crescendo,

O levaria a tais atos extremos."

Que peça. Mais uma maravilha de William Shakespeare.

Eu já sabia que iria amar, tudo que envolve Roma Antiga e grandes figuras da época como Julio César sempre chamam a minha atenção. E com essa peça não foi diferente. A expectativa com ela estava alta e não me decepcionou. 

É uma peça muito dinâmica e rápida de se ler. É um texto bastante poético em alguns momentos e em outros um pouco dramático, mas é um texto belíssimo e delicioso de ser lido. 

A pesar da peça falar sobre o Júlio César e se desenrolar em torno da conspiração e seu assassinato, o foco principal é o Brutus e todo aquele dilema entre assassinar César e manter a República intacta. O discurso de Marco Antonio no funeral do César é bastante dúbio mas também irônico, porque ao mesmo tempo que ele elogia Brutus pelo seu ato ele também alfineta fazendo com que o povo se volte contra o Brutus, além dele ser também muito carismático. É uma peça longa mas muito rápida, porque a todo momento tem alguma coisa acontecendo e você não consegue largar, mas também é uma peça que trás um pouco de misticismo por conta de algumas coisas que acontecem e dos preságios que permeiam o assassinato de César. 

Apesar do Brutus dizer que iria matar César pra salvar a República, você percebe que as motivações dele são muito mais obscuras, apesar de não sabermos quais são.

Eu gostei bastante dessa peça não só pelo texto mas por se passar em um ambiente diferente como a Roma Antiga, o que é justificável, era mais fácil passar pelo crivo dos críticos da época permitindo Shakespeare alfinetar a própria corte ou o soberano de forma indireta.

É uma peça maravilhosa e recomendo a leitura. Essa é a penúltima peça do Projeto Lendo Shakespeare e se encontra no terceiro volume de nome Peças Históricas que faz parte do Box Grandes Obras de Shakespeare, a última peça a ser lida e que finaliza o Projeto será Antônio e Cleópatra. O post sobre as outras peças lidas estão disponíveis aqui no blog. Eu vou deixar aqui embaixo o link de compra do box e outras edições da peça.

É isso, se você gostou deixe um comentário ou compartilhe e até mais!!!

"Antônio - Eu te imploro perdão, barro sangrento,

Por ser servil ante esses assassinos.

És a ruína do homem mais nobre

Que jamais houve na maré dos tempos.

Pobre da terra que te derramou

O nobre sangue! E ante as tuas chagas - 

Que abrem mudas os lábios de rubi

Pra pedir voz a esta minha língua - 

Eu juro que uma praga há de abater-se;

Fúria doméstica e luta civil

Virão cobrir a Itália toda inteira.

Tão comuns serão sangue e destruição,

Horrores serão tão familiares,

Que mães irão sorrir ao deparar

Com o filho esquartejado pela guerra,

Sufocada a piedade pelo hábito:

E a alma de César pedirá vingança

Vinda do inferno, com Atê ao lado,

E com voz de monarca nestas plagas

Soltará com alarma os cães da guerra,

Até que este ato feda toda a terra

Com corpos podres a implorar enterro."

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LIVRO LIDO

Grandes Obras de Shakespeare - Volume 3 - Peças Históricas
Obra lida: Júlio César
William Shakespeare
Editora: Nova Fronteira
Ano: 2017/Páginas: 608