Livros, Histórias e Blá, blá, blá!!: janeiro 2017

quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

AS BOAS MULHERES DA CHINA

"Quanto valia, exatamente, a vida de uma mulher na China?"

Sinopse: Entre 1989 e 1997, a jornalista Xinran entrevistou mulheres de diferentes idades e condições sociais, a fim de compreender a condição feminina na China moderna. Seu programa de rádio, Palavras na brisa noturna, discutia questões sobre as quais poucos ousavam falar. São histórias como as de Hongxue, que descobriu o afeto ao ser acariciada não por mãos humanas, mas pelas patas de uma mosca; de Hua'er, violentada em nome da "reeducação" promovida pela Revolução Cultural; da catadora de lixo que impôs a si mesma um ostracismo voluntário para não envergonhar o filho, um político bem-sucedido; ou ainda a de uma menina que perdeu a razão em consequência de uma humilhação intensa. O olhar objetivo de Xinran dá aos temas um tratamento firme e delicado, trazendo à tona as esperanças e os desejos escondidos nessas difíceis vidas secretas.

"Quando alguém mergulha nas próprias recordações, abre uma porta para o passado; a estrada lá dentro tem muitas ramificações e a cada vez o trajeto é diferente."

Tive contato com esse livro na faculdade por indicação de um professor, e quando comecei a ler larguei o livro na metade de tão chocada que fiquei, hoje depois de ler pela terceira vez ainda assim me embrulha o estomago.

O livro trata um pouco da história da China e das mudanças culturais e politicas que estavam acontecendo e como isso afetou a vida dos chineses e principalmente das chinesas, relatos reais, tristes e fortes que chocam, principalmente o segundo relato que é "A menina que tinha uma mosca como animal de estimação" ao termino da leitura do relato fiquei sem chão, queria chorar naquele momento sem conseguir acreditar como pode um ser humano ser tão cruel, e as consequências dessa crueldade são absurdas eu fiquei realmente sem reação e sem saber o que pensar.

No início do livro a autora relata um quase assalto que sofreu e como arriscou a vida por causa do manuscrito e um policial perguntou pra ela se um livro valia mais que a vida dela, ela explica o porque se arriscou e eu entendo, esses relatos afetaram a Xinran de uma certa forma e ter que relembrar todas aquelas histórias e sentimentos pra reescrever o livro seria muito duro.

A escrita da autora é bem fluida e descreve bem aquilo que esta sentindo ao ouvir as histórias que também são bem detalhadas, é um livro triste mas ao mesmo bonito em alguns momentos e que faz você refletir não só sobre a condição das mulheres na China mas no mundo todo e que muitas vezes não é mostrada, precisa ter estomago pra encarar essas histórias porque é um soco na cara a cada página mas que todos devem ler. Eu ficava tentando imaginar como é ficar sentada ouvindo a pessoa contar as atrocidades que viveu, não sei se conseguiria.

Vou deixar aqui embaixo um vídeo de uma entrevista que o programa Roda Viva fez com a Xinran em 2009 para quem tiver interesse é bem bacana. Eu recomendo muito esse livro de verdade vale muito a pena. Não esqueçam de visitar "Leio livros sim" parceiro aqui do blog.

É isso, se você gostou deixe um comentário ou compartilhe até mais.

"A menina que cresceu durante a Revolução Cultural viu-se cercada de ignorância, loucura e perversão. As escolas e as famílias eram incapazes e proibidas de lhes dar a mais elementar educação sexual. Muitas mães e professores também eram ignorantes nesses assuntos. Quando o corpo amadurecia, a menina se tornava vítima de ataques indecentes ou estupros - meninas como Hongxue, cuja única experiência sensual veio de uma mosca; Hua'er, violentada pela Revolução; a mulher na secretária eletrônica, dada em casamento pelo Partido; ou Shilin, que jamais saberá que cresceu. Os perpetradores foram seus professores, amigos, até seus pais e irmãos, que perderam o controle dos instintos animais e agiram da maneira mais feia e egoísta de que um homem pode agir. As esperanças das meninas foram destruídas, e a sua capacidade de sentir o prazer de fazer amor foi danificada para sempre. Se pudéssemos ter acesso aos pesadelos delas, passaríamos dez ou vinte anos ouvindo o mesmo tipo de história."