AS BRUMAS DE AVALON

Sinopse: Por séculos, as lendas arturianas povoaram o imaginário de leitores de todo o mundo. As Brumas de Avalon é considerado a versão literária definitiva do mito, e gerações e gerações se deixaram arrebatar pela escrita envolvente de Marion Zimmer Bradley.

Mulheres complexas e poderosas como Morgana das Fadas, Viviane, a Senhora do Lago, Igraine, Morgause e Gwenhwyfar são trazidas para o primeiro plano neste clássico repleto de magia, sensibilidade e intrigas. Por meio de seus olhos e de suas ações, são revisitados os míticos reinos de Camelot e de Avalon.

As histórias sobre Artur e os cavaleiros da Távola Redonda permeiam o imaginário de todos ao longo dos anos não só com os livros mas também pelas suas inúmeras adaptações como filmes, séries e desenhos. Muito diferente da trilogia As Crônicas de Artur de Bernard Cornwell que tem post aqui no blog, em As Brumas de Avalon a história é recontada pelo ponto de vista das mulheres. 

Logo no início a personagem que me encantou foi a Igraine, uma mulher cristã, extremamente forte, de pulso firme e que tem um pé em Avalon, mas tem sua vida totalmente virada de cabeça pra baixo quando recebe a missão de gerar um filho que será o grande rei da Bretanha, porém não será filho do seu marido mas sim de outro homem. 

Mas a personagem mais notável dessa história sem dúvida é a Morgana, muito diferente de como vem sendo retrata em outras histórias, aqui é uma mulher forte que faz o que quer mas assim como todos os personagens não é perfeita, ela tem vários altos e baixos ao longo da história e erra muitas vezes, o que eu não gostei foi que no final ela foi ficando muito parecida com a Viviane a sacerdotisa de Avalon e tia de Morgana, extremamente manipuladora e em alguns momentos até vingativa, e um pouco fanática talvez, e não gostei do desfecho que a autora deu pra ela assim como também não gostei do desfecho da Gwenhwyfar, que é uma das personagens mais detestáveis do livro, ela é uma cristã extremamente religiosa, o fanatismo dela era tão grande que não se dava conta que boa parte das discórdias que aconteciam no reino era culpa dela, sem falar que a vida dela era julgar a Morgana por qualquer coisa e é ai que a hipocrisia impera, porque enquanto ela ficava apontado o dedo pra Morgana, ao mesmo tempo ela ficava imaginando na cabeça dela as coisas que queria fazer com Lancelot, isso sem falar das vezes em que ela pediu para Morgana fazer alguns feitiços pra que pudesse engravidar.

Nas falas dela existia uma certa admiração pela Morgana mas logo no final você percebe que na verdade o que existia mesmo era inveja, ela queria ser como a Morgana, fazer tudo o que tinha vontade sem ter que prestar contas com Deus ou ter medo de ir para o inferno. E no final a autora foi muito boazinha com ela. 

É difícil dizer qual é o meu personagem favorito porque todos eles ao longo da história passam por muitos altos e baixos, uma que me deixou bastante dividida foi a Viviane, eu estava gostando dela mas ao longo da história ela foi se mostrando bastante manipuladora, ela brincava o tempo todo com a vida das pessoas decidindo por elas o que tinha que ser feito dizendo que era uma decisão da Deusa, e uma das pessoas que mais sofreram foi a Morgana. Eu fiquei com raiva da Viviane algumas vezes mas confesso que fiquei muito triste e chocada com o que acontece com ela.

O início do livro foi bem arrastado pra mim, a sensação foi a mesma que eu tive lendo As Crônicas de Gelo e Fogo, parecia que a leitura não desenvolvia, talvez seja por conta da diagramação que está razoável e a revisão também mas não é nada muito grave. O primeiro volume é mais arrastado porém é só no início e depois a história engata, já o segundo e terceiro volumes tem um ritmo bastante frenético com muitas reviravoltas de cair o queixo, o quarto volume volta a ter uma queda no ritmo mas não deixa de ser o mais interessante, de todos os volumes o quarto é o mais nostálgico e tenso, porque os sentimentos dos personagens estão muito a flor da pele, existe muito rancor e ressentimento. 
O livro trás também muitas discussões interessantíssimas sobre religião e como o povo de Avalon e os que seguiam a religião celta estavam lidando com o cristianismo que chegou e começou a engolir todas as outras religiões pagãs, também a posição da mulher naquela época e as diferenças não só de pensamento como de atitude da mulher que recebeu uma criação cristã tradicional pra uma mulher pagã. 
É um livro maravilhoso não só pela sua história como pelas personagens fortes mas humanas, eu fiquei apaixonada e quero ler todos os outros livros do Ciclo de Avalon que são 7 ou 8 se não me engano, aqui no Brasil já foi lançado A Casa do Lago e A Senhora de AValon. Existe uma adaptação de 2001 eu acho mas infelizmente não consegui assistir e dizem que é muito boa mas não trás nem um terço do que representa o livro, seria ótimo se essa história fosse readaptada para série de TV. Eu sei que existe uma polêmica sobre a autora e o marido estarem envolvidos com pedofilia, eu não pesquisei o caso para que não influenciasse a minha leitura, mas ainda assim foi um pouco difícil, principalmente nas cenas de sexo eu me senti bastante desconfortável e achei muito esquisita aquelas cenas, mas enfim... o livro apesar disso é mágico. Eu fiquei encantada lendo cada página e super recomendo essa história, eu pretendo ler muitas e muitas vezes ao longo da minha vida e recomendo pra todos. Eu vou deixar aqui embaixo o link de compra na Amazon e vou parar por aqui porque esse texto já está enorme.

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LIVRO LIDO

As Brumas de Avalon
Marion Zimmer Bradley
Editora: Planeta
Ano: 2018/Páginas: 968